Número 3 – “The Rise And Fall Of Total Error Concept In Laboratory Medicine”
Fortemente sugestivo, o título deste painel de palestras demonstra o progressivo abandono do velho conceito do Erro Total no laboratório clínico, pela EFLM e UEMS.
O colega Anders Kallner, na sua palestra “Uncertainty Or Total Allowable Error: The Big Debate”, lembra-nos que todas as decisões e medidas estão sujeitas a incerteza. Por outro lado, explica que existem sempre duas componentes de erro: aleatório e não intencional (precisão) e sistemático, que se considera intencional se o não corrigirmos (exatidão). Para este, o debate nos últimos anos no laboratório clinico, centra-se em conseguir cálcular ambos os erros numa única expressão.
O Professor Elvar Theodorsson, na sua palestra sobre “From Measurement To Diagnosis: Uncertainty In Laboratory Medicine”, enfatiza que as estruturas e reações químicas são os principais fatores que influenciam a sensibilidade e a especificidade no doseamento das magnitudes biológicas, na química clínica. Para este autor, é o papel do laboratório a translação do valor quantitativo em resultado e informação útil. Também, realça que esta translação pode ser feita com recurso a: i) dados de calibração dos sistemas de doseamento; ii) dados da variabilidade biológica, com a variação diurna, etária e de género; iii) transporte, armazenamento e tipo de amostra biológica; iv) informação sobre os intervalos de referência; v) limites de decisão e dados populacionais necessários para a correta interpretação dos resultados do laboratório.
Ainda segundo este autor, a característica principal do sucesso das industrias de serviço e manufaturação, deve basear-se na satisfação das necessidades do utente e no estabelecimento de uma boa relação com o mesmo. No laboratório clinico, podemos centrarmo-nos no utente quando damos enfase ao desenvolvimento, inovação e interpretação dos resultados dos doseamentos no contexto clínico, mais do que apenas uma simples apreciação do que foi detetado. Esse desenvolvimento, deve ser efetuado preferencialmente pelo laboratório clinico, uma vez que os doseamentos apenas têm interesse quando os seus resultados contribuem substancialmente para medir a eficácia do tratamento ou no correto diagnóstico. Caso contrário, os resultados do laboratório não passam de “apenas números” …
EM PORTUGAL:
Com a publicação do documento de otimização dos programas de controlo interno dos laboratórios clínicos (link de acesso), a LabGen-ANBIOQ e o CBHS-OBIO criaram as condições para que em Portugal, seja possível efetuar o cálculo da incerteza de medição, podendo ser usada em conjunto com os dados da variabilidade biológica intraindividual, permitindo determinar a capacidade de deteção de alterações fisiopatológicas relevantes e personalizadas para cada paciente.
Em 2012, no Workshop Internacional de Bioquímica Clínica na Universidade de Coimbra, foi apresentada a primeira folha de cálculo mundial que correlaciona a qualidade clínico-laboratorial, na forma da capacidade de deteção de alterações fisiopatológicas relevantes, com a qualidade analítica nos seis sigmas.
Esta folha de cálculo, desenvolvida pela LabGen-ANBIOQ, utiliza os gráficos Normalizados de pontos operacionais e de erro sistemático, disponibilizados por Westgard, para comparar no seis sigma a capacidade de deteção de alterações fisiopatológicas relevantes com a qualidade analítica. E veio demonstrar como a qualidade clínica, por avaliar o impacto dos doseamentos laboratoriais diretamente na capacidade de detetar alterações fisiopatológicas relevantes em cada paciente, se sobrepõe à qualidade analítica no seis sigma e isso só é possível usando a métrica/conceito da Incerteza de Medição, que integra os erros aleatórios e sistemáticos (ou erros não intencionais e erros intencionais) numa única variável, para calcular a capacidade de deteção de alterações fisiopatológicas relevantes.
Pode aceder aqui ao Manual de Utilizador https://www.dropbox.com/l/scl/AABGW93ICKFoZq_z0-sM25BIc9_zFHj0Sn0, aqui acede ao Abstract https://www.dropbox.com/l/scl/AAA-s3-hfWuIF7uzTic5sSNDnU_-gYnF4LE e aqui acede à folha de cálculo OCQI https://www.dropbox.com/l/scl/AABvMQ_mfN2fVZtUh5UnbjpvNh2DBKw2z2Q
Escrito por:
Jorge Pinheiro
Coordenador da LabGen-ANBIOQ
Membro da Direção do CBHS-OBIO
Bioquímico Clínico – LabGen-ANBIOQ
Especialista em Análises Clínicas – CBHS-OBIO
in- “Readings: Ciclo Artigos sobre as Apresentações do “5th EFLM-UEMS European Joint Congress in Laboratory Medicine 2018” – Numero 3 “The Rise And Fall Of Total Error Concept In Laboratory Medicine, Plataforma de Formação e Informação da ANBIOQ da Comissão de Laboratório Clínico e Genética Humana dos Bioquímicos Clínicos da Associação Nacional de Bioquímicos