Caros colegas,
estamos a chegar ao fim de um ano atípico. Um ano em que foram cancelados milhares de eventos que afetaram o trabalho dos biólogos: projetos de investigação interrompidos, congressos e reuniões de trabalho cancelados ou passados para plataformas digitais, aulas, cursos e formações que perderam o indispensável contacto pessoal (ou a presença em laboratório) e passaram para online, e tantas outras atividades, teses, projetos pessoais ou profissionais que de alguma forma foram prejudicados.
Mas foi também um ano no qual a relevância dos biólogos, enquanto profissionais, se tornou mais visível: colegas Técnicos Superiores de Saúde e Especialistas em Analises Clínica e Genética Humana da Ordem dos Biólogos, que estiveram por detrás da maior parte dos mais de 4 milhões de testes Covid-19 realizados no país, colegas investigadores que contribuíram de forma muito relevante para a sequenciação de milhares de amostras de vírus identificados em Portugal e para projetos de investigação relacionados direta ou indiretamente com a pandemia; colegas professores que em todos os ciclos do Ensino se adaptaram rapidamente a aulas não-presenciais ou presenciais com restrições prejudicando ao mínimo os seus alunos; colegas especialistas em áreas da saúde como a epidemiologia, que têm sido chamados a colaborar de perto com as autoridades públicas de saúde; colegas nas áreas do Ambiente, da Biotecnologia e da Segurança Alimentar que contribuíram para que os nossos cidadãos não deixassem de ter acesso a serviços, a alimentos e a outros bens de primeira necessidade e de uma forma generalizada colegas que nas mais variadas áreas continuaram a trabalhar para o bem comum.
O facto de a Ordem dos Biólogos ter sido convidada para participar em comissões e diferentes grupos de trabalho da área da saúde e do ambiente, são ilustrativos da visibilidade que os biólogos tiveram, numa clara demonstração da sua versatilidade, transdisciplinaridade e competência.
Embora seja normalmente incorreto elogiar pela negativa, devo confessar que me congratulo com o facto de não ter surgido nenhuma iniciativa de “biólogos pela verdade”, à semelhança do que tem acontecido com outras áreas, dando espaço a campanhas de desinformação e a intoxicação com teorias da conspiração. Os biólogos têm-se pautado por intervenções rigorosas baseadas na ciência, e pela divulgação de factos científicos relevantes para o esclarecimento da sociedade. Obrigado a todos pelo vosso trabalho, sério e de valor.
Este é também um ano diferente, porque marca o final de um ciclo de 4 anos do presente Conselho Diretivo e de 7 anos em que me mantive como bastonário da Ordem dos Biólogos. Esta será, por isso, a última mensagem de Natal que enviarei aos meus colegas biólogos, membros da nossa Ordem. Dentro de um mês saberemos quem são os candidatos aos Corpos Sociais da Ordem dos Biólogos, nos quais eu não serei candidato, por limitação de mandatos decretada nos nossos estatutos.
Assim, é com muita amizade e alguma emoção que desejo a todos um Feliz Natal e um Novo Ano que seja substancialmente melhor do que este que agora finda, que nos traga mais solidariedade, tolerância, respeito e todos os valores que se revelaram de enorme importância para ultrapassar as dificuldades deste ano, mas que seguramente se irão prolongar por uma boa parte de 2021.
Sempre disse que a Ordem dos Biólogos é a nossa casa, e a nossa casa será aquilo que quisermos que ela seja. Continuemos a trabalhar para que seja um local onde todos nos sintamos confortáveis e para a qual sempre possamos contribuir para a tornar num local fraterno, seguro, livre e plural.
Com os desejos de um Feliz Natal para todos os Biólogos, até breve, até sempre,