Ciclo de Artigos sobre Apresentações do “5th EFLM-UEMS European Joint Congress in Laboratory Medicine” 2018

Este é o segundo artigo de um ciclo dedicado às principais apresentações do “5th EFLM-UEMS European Joint Congress in Laboratory Medicine 2018”, que decorreu em Antalaia entre 10 e 13 de outubro de 2018.

Em cada artigo, é disponibilizada informação adicional sobre onde obter as ferramentas inovadoras, já desenvolvidas e divulgadas pela LabGen-ANBIOQ e pelo Colégio de Biologia Humana e Saúde da Ordem dos Biólogos (CBHS-OBIO), habilitando os profissionais dos laboratórios portugueses a desenvolver em pormenor o estudo e/ou a técnica necessária de aquisição de competências abordadas neste Congresso.

Sobre a temática central “Medical Guidelines And Clinical Decision Making”, a colega Ana-Maria Simundic, na sua palestra “Demand Management (Test Utilization)“, refere o aumento dramático do painel e volume de testes disponibilizados pelo laboratório e que, por isso, o laboratório sofre uma forte pressão para disponibilizar “mais por menos”, ou seja mais testes de forma mais rápida e clinicamente útil, por menos consumo de despesas com pessoal, de reagentes e de tempo.

O uso inapropriado e o excesso de pedidos desnecessários de testes laboratoriais, tem como consequência o resultado inadequado, mas mais importante a não realização do teste adequado que leva a uma ação ou decisão clínica que sirva o paciente.

Para esta colega, as razões para o pedido desmesurado dos testes são muitas, tendo aqui elencado algumas: facilidade de pedido e disponibilidade dos testes, medicina defensiva (preocupações legais), devido a insegurança ou curiosidade, pressão do paciente ou de familiares, entre muitos outros motivos.

Uma das formas mais eficazes de limitar este pedido excessivo é através das recomendações de Guias de Prática Clínica (GPC). O colega Wytze P. Oosterhuis, na sua palestra “Laboratory and Clinical Cooperation in Enhancing Clinical Decision Making“, lembra que a função dos especialistas de laboratório, não se encontra confinada a gerar, resultados de testes. Para este colega, o laboratório clínico pode contribuir diretamente para a decisão clínica a vários níveis: desde o desenvolvimento de GPC a nível nacional, até aos protocolos a nível hospitalar e também dando apoio na interpretação dos resultados laboratoriais.

Dando o exemplo Holandês, do desenvolvimento e implementação de GPC, que custam cerca de 100.000€/cada, este colega refere a necessidade de se criarem GPC com formatos modulares (Módulos que se integram em várias GPC) e que podem ser desenvolvidos sob a coordenação dos especialistas de laboratório, pois está comprovado que a maioria destas guias não cobrem os principais aspetos laboratoriais necessários à correta decisão clínica.

Mais ainda, este palestrante é da opinião de que a aplicação de GPC e de recomendações laboratoriais podem também ser otimizadas com a definição de perfis de pedidos e de comentários interpretativos adicionais dos especialistas de laboratório resultantes da sua aplicação.

Por fim, o colega Michel Langlois, na sua apresentação sob o título “Medical Guidelines May Not Always Be Compatible With Laboratory Practice“, informa que as GPC que usam cut-offs de decisão clínica laboratorial, podem não ser de aplicação geral, devido à falta de estandardização dos métodos e às variações dos resultados entre os laboratórios. Muitas vezes as GPC não se encontram validadas pelo laboratório quanto à performance analítica ou clínica e não foi avaliado o custo-benefício ao nível clínico-laboratorial.

Fonte: “5th EFLM-UEMS European Joint Congress in Laboratory Medicine Laboratory Medicine at the Clinical Interface Antalya, Turkey, October 10-13, 2018 – Abstracts” Clin. Chem. Lab. Med. 2018; 56(11): eA203–eA359.

EM PORTUGAL:

Em Portugal, a LabGen-ANBIOQ e o CBHS-OBIO, disponibilizam um conjunto de procedimentos para o laboratório clínico efetuar a avaliação e adaptação das NOCs ou das GPC à sua realidade de qualidade analítica e clínico-laboratorial. No link http://ordembiologos.pt/wp-content/uploads/2015/11/Procedimento-v3-Maio2018-Revisao-Final-22052018_.pdf, encontra o documento conjunto com exemplos concretos de avaliação e adaptação das NOCs. Por exemplo, no Apêndice 1 este documento explica como adaptar o Colesterol Total de cada laboratório e as respetivas NOC 066/2011 “Prescrição de Exames Laboratoriais para Avaliação de Dislipidemias” e NOC 005/2013 “Avaliação do Risco Cardiovascular SCORE”, à realidade da qualidade analítica e clínico-laboratorial do colesterol para cada laboratório.

No Apêndice 2, podemos encontrar como adaptar a qualidade analítica da HBA1C dos laboratórios clínicos à NOC 033/2011 “Prescrição e Determinação da Hemoglobina Glicada A1c”.

Finalmente, neste documento técnico, no Apêndice 3 é dado o “EXEMPLO DE IMPLEMENTAÇÃO DE COMENTÁRIO QUALITATIVO AUTOMATIZADO PARA DOSEAMENTOS DA HbA1c NA MONITORIZAÇÃO PERSONALIZADA DO UTENTE ADAPTADO À NOC 052/2011 “Abordagem Terapêutica Farmacológica na Diabetes Mellitus Tipo 2 no Adulto”

Escrito por:

Jorge Pinheiro
Coordenador da LabGen-ANBIOQ

Membro da Direção do CBHS-OBIO
Bioquímico Clínico – LabGen-ANBIOQ
Especialista em Análises Clínicas – CBHS-OBIO

in- “Readings: Ciclo Artigos sobre as Apresentações do “5th EFLM-UEMS European Joint Congress in Laboratory Medicine 2018” – Numero 2 “Medical Guidelines And Clinical Decision Making”, Plataforma de Formação e Informação da ANBIOQ (https://formacao.anbioq.pt/)  Comissão de Laboratório Clínico e Genética Humana dos Bioquímicos Clínicos da Associação Nacional de Bioquímicos.